Olá logístico, tudo bem? ✌️ Seja muito bem-vindo ao nosso portal de aprendizado, discussão e carreira na área da logística! Hoje vamos falar sobre o modal ferroviário.

O modal ferroviário é o segundo meio de transporte mais utilizado no Brasil para o transporte de cargas. Entretanto, com o passar do tempo sua utilização vem reduzindo drasticamente em oposição a crescente utilização do modal rodoviário no país. Hoje o desenvolvimento na área está voltado para iniciativa privada e segmentos específicos de mercado (commodities).

Neste artigo, vamos entender o modal ferroviário, saber sobre sua participação na matriz de transportes brasileiras e suas principais características. Boa leitura! 📰

O que é um transporte?

Primeiramente, antes de conhecer o que são os modais de transportes temos de saber exatamente o que é um transporte. Dessa forma, os transportes correspondem ao conjunto de materiais e instrumentos técnicos utilizados no deslocamento de pessoas e cargas de um lugar para o outro. Os transportes são considerados elementos estratégicos para o desenvolvimento não só das empresas como também das sociedades.

Os transportes apresentam diversas características a nível de infraestrutura, veículos e operações comerciais. Por infraestrutura entende-se a rede de transporte rodoviária, ferroviária, aéreo, aquaviário e dutoviário. Nesse sentido, temos de destacar os terminais como estradas, aeroportos, estações ferroviárias, portos e todo o tipo de estrutura similar.

Atualmente, temos uma grande diversificação de veículos de transportes, sendo os mais comuns: automóveis, aviões, locomotivas, navios e etc. Já as operações comerciais estão relacionadas com a maneira como os veículos operam na rede e o conjunto de procedimentos especificados para o propósito desejado, incluindo o ambiente legal (leis, códigos, regulamentos, etc.).

No contexto do desenvolvimento dos países e das sociedades, os meios de transporte são uns dos principais elementos para garantir a infraestrutura, ou seja, o suporte material para que tal crescimento instrumentalize-se.

Quanto maior o crescimento econômico de um determinado país maior a demanda e a pressão sobre os meios de transporte. Dessa maneira, se os meios de transportes não tiverem uma estrutura adequada para suportar essa carga, o desenvolvimento desse país encontrará maiores desafios e dificilmente se concretizará. Por esse motivo, dizemos que os transportes é um elemento estratégico para qualquer país.

Qual a importância dos transportes para a logística?

Já no contexto da logística, o transporte de cargas é uma das etapas mais fundamentais para qualquer tipo de negócio ligado à produção ou distribuição de produtos. É somente graças a ele que o cliente, seja ele uma empresa ou uma pessoa física, poderá ter em mãos aquilo que comprou.

Entender o funcionamento e as características dos meios de transporte é elemento chave para o crescimento e prosperidade de uma empresa. Desse modo, o profissional de logística deve ter total conhecimento a respeito dos modais de transportes e suas características. Com essa informação, ele poderá tomar decisões mais corretas a respeito dos custos logísticos, definição do canal de distribuição e roteirização de suas cargas.

O que são os modais de transporte?

Os modais de transporte correspondem às formas utilizadas para que os produtos sejam deslocados de um ponto de origem até um ponto de destino.  Esse processo deve ter total atenção pelo setor de logística de cada empresa. Isso porque, a escolha inadequada do modal de transporte tem como resultado a perda da qualidade dos produtos, aumento dos custos logísticos e insatisfação dos clientes.

Hoje, contamos com cinco classificações para os modais de transporte, sendo elas: modal rodoviário, modal ferroviário, modal hidroviário, modal dutoviário e modal aéreo. Todos as classificações apresentam vantagens e desvantagens. Nesse sentido, a escolha do modal de transporte adequado é feita através do tipo de produto, recursos disponíveis e infraestrutura do ambiente.

O que é o modal ferroviário? 🚂

O modal ferroviário é o transporte realizado sobre as linhas férreas. Trata-se de um transporte muito utilizado para movimentação de cargas de baixo valor agregado, assim como no transporte de pessoas. Os exemplos mais comuns desta modalidade de transporte são os trens, metrô e trens urbanos.

Em resumo, os veículos do modal ferroviário são essencialmente as locomotivas e vagões. As locomotivas e os vagões quando estão juntos formam o que conhecemos como trens, ou um termo mais técnico as composições.

Nesse sentido, as locomotivas são os veículos utilizados para a tração dos vagões. Por outro lado, os vagões são os veículos utilizados para o transporte de pessoas e cargas através das linhas férreas. Vale lembrar que, os vagões não possuem propulsão própria, sendo necessário sempre estar acoplado a uma locomotiva para se movimentar.

Os vagões são divididos em muitas categorias, sendo as principais vistas na tabela abaixo:

Modal ferroviário no Brasil

No Brasil, 21% do transporte de cargas é feito pelo modal ferroviário, segundo dados do Ministério de Infraestrutura do Governo Federal. Sem dúvida que, o Brasil viveu o seu ápice sobre os trilhos no início do século 20. Na época, foram construídas quase todas malhas ferroviárias em utilização até os dias atuais.

Nesta época, o crescimento médio era na faixa dos 6.000 km de linhas férreas por década. Contudo, após 1920, com o advento da era do automóvel, as ferrovias entraram numa fase de estagnação, não tendo se recuperado até os dias atuais. Vale lembrar que, além da paralisação na construção de novas linhas, neste tempo perdemos vários quilômetros de ferrovias devido à falta de manutenção e deteorização.

Atualmente, o Brasil é um país pobre em ferrovias se comparados a outros países. Isso porque, nosso país possui hoje 30.000 km de ferrovias para tráfego, o que dá uma densidade ferroviária de 3, 1 metros por km², que é bem pequena em relação aos EUA (150m/km²) e Argentina (15m/km²).

Outro ponto negativo é a má distribuição das linhas férreas pelo território. Desse modo, a região sudeste concentra aproximadamente 50% de todas as ferrovias do país, e junto com a região sul dominam o modal em escala nacional. Dessa forma, as Regiões Norte e Centro-oeste, juntas, concentram apenas 8%. Um ponto positivo é de que o nosso sistema ferroviário é o maior da América Latina, em termos de carga transportada, atingindo 503,9 bilhões de tku (tonelada quilômetro útil) em 2016 segundo a agência nacional de transportes ferroviários (ANTF).

Vantagens e desvantagens do modal ferroviário

As vantagens ou desvantagens de cada modal está diretamente relacionado as características de cada transporte. Dessa maneira, conhecer as cinco características dos transportes é fundamental para uma analise mais profunda a respeito de qual modal mais adequado ao transporte de um produto.

Capacidade de carga

A capacidade de carga é a quantidade máxima permitida de peso e/ou volume em um veículo de transporte. A capacidade de carga é uma das mais importantes características dos veículos de transporte. Isso porque, é através dessa característica que os embarcadores sabem exatamente a quantidade em peso e o volume de produtos transportados.

Quanto maior a capacidade de carga de um veículo maior também será o consumo de combustível. Desse modo, é importante avaliar o tamanho e peso da carga a ser transportada para escolher o veículo e modal de transporte mais adequado.

Em geral, um vagão suporta um peso médio de 90.000 Kg, o que já é um volume muito maior do que suportado pelo modal rodoviário (média de 35.000 kg). Quando comparado ao modal aeroviário, o maior avião de carga do mundo, o Antonov An-225 Mriya, suporta cerca de 250.000 Kg, capacidade superada com apenas 3 vagões.

Com o desenvolvimento dos veículos e transportes, hoje grande parte das locomotivas apresentam potência acima dos 3.500 cavalos. Dessa maneira, devido a força, as locomotivas conseguem tracionar cada vez mais vagões, formando composições gigantescas e transportando uma quantidade de carga cada vez maior.

Custo

Os custos logísticos representam a alocação de recursos financeiros em todas atividades relacionadas a logística da empresa. Os custos relacionados a logística é a segunda maior classe de custos de uma empresa, ficando atrás somente do custo do produto.

Segundo dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) os custos logísticos no Brasil consomem cerca de 12,7% do PIB (Produto Interno Bruto), que corresponde ao total das riquezas produzidas pelo país. Nesse sentido, a maior parte do custo é formada pelo transporte, que equivale a 6,8% do PIB (R$ 401 bilhões). Depois vêm estoque (4,5% do PIB, ou R$ 268 bilhões); armazenagem (0,9% do PIB ou R$ 53 bilhões); e administrativo (0,5% do PIB, ou R$ 27 bilhões).

Devido a sua alta capacidade de carga o modal ferroviário é um meio de transporte barato. Claro que não podemos esquecer as suas imitações quando ao tipo de carga e disponibilidade de linhas férreas.

Talvez a baixa disponibilidade seja um efeito de outro problema do modal ferroviário, o custo de implantação e manutenção do transporte. Isso porque, segundo dados do governo federal, o preço de 1km de ferrovia gira em torno de R$ 6 milhões. Os projetos de implantação de linhas férreas que ligam dois pontos distantes, em geral superam a casa dos bilhões de reais.

Outro fator que pesa bastante no bolso é o preço das manutenções. Em geral, tais atividades não são constantes no modal ferroviário, mas quando necessárias também representam um gasto considerável. Uma justificativa é a baixa oferta de componentes sobressalentes, sendo necessário que as industriais e empresas do ramo façam pedidos por encomenda e não em escala industrial.

Segurança

A segurança de um modal de transporte reflete os danos que a carga poderá sofrer no percurso até o destino final. Além disso, outro aspecto relevante é o perigo (risco de acidente, furtos, desvios e ações criminosas) envolvendo o transporte.

Com o desenvolvimento dos veículos ferroviários, o modal tem se tornado um dos mais seguros meios de transporte. Um dos fatores é a exclusividade de trânsito. Isso porque, dois trens não dividem uma mesma linha férrea de forma simultânea.

Outro fator é a inclusão da tecnologia nos transportes ferroviários. Um antigo problema era o constante descarrilhamento de trens (quando a locomotiva e/ou os vagões saem da linha férrea). Em geral, os descarrilhamentos são causados devido a colisões ou velocidade incorreta na movimentação dos trens. Hoje em dia, a tecnologia implantada nos equipamentos permite que este opere dentro a velocidade segura considerando o peso da carga tracionada, assim como as condições das vias férreas.

Por não transportar produtos de alto valor agregado, o modal ferroviário também não é um alvo comum de assaltos e roubos de carga.

Agilidade

A agilidade de um modal de transporte tem como referência o transit time. O transit time, que traduzido significa “tempo de trânsito”, é o período de tempo necessário para que um produto, ou uma remessa, seja entregue ao cliente. Basicamente, trata-se do intervalo gasto ao mover uma mercadoria entre o ponto de retirada e seu destino.

Uma curiosidade em relação ao elevado tempo em trânsito do modal ferroviário é de que ele não está diretamente ligado a velocidade de movimentação dos trens. A principal justificativa para a baixa agilidade do modal está na operação ferroviária.

Operações de carga e descarga ferroviárias demandam equipamentos específicos e geralmente são feitas vagão por vagão. Outra operação que “atrasa” a movimentação é a de separação de vagão. Esta atividade deve sempre ser feita próxima a uma bifurcação, onde seja possível separar em linhas diferentes os vagões conforme o destino.

Disponibilidade

A disponibilidade de um modal de transporte reflete a quantidade de veículos disponíveis, infraestrutura necessária e o meio de locomoção para realizar o transporte.

A necessidade básica para realização dos transportes ferroviários são as linhas férreas. Desse modo, o Brasil apresenta pouca disponibilidade de linhas férreas quando comparado a outros países. Tal fato impossibilita a utilização em larga escala da modalidade.

A utilização do modal ferroviário está voltada para alguns segmentos específicos de mercado concentrados nas regiões sul e sudeste do Brasil.

Modais de transporte: como escolher o mais adequado?

Em primeiro lugar, temos de saber que cada empresa tem suas características, espaço, produto, estrutura, recursos e particularidades. Dessa forma, não existe um modelo padrão para determinar como escolher o modal de transporte adequado.

Entretanto, podemos destacar alguns pontos que podem auxiliar o profissional de logística nesta decisão sobre os modais de transporte. Sendo eles:

🔹 Planejamento logístico

planejamento logístico consiste na definição de como a empresa vai distribuir seus produtos e serviços aos clientes, levando em consideração todas as etapas do processo. Assim como todos os outros planejamentos de uma empresa, o planejamento logístico deve estar ligado diretamente a gestão estratégica da organização. Ou seja, os objetivos traçados devem estar alinhados com a visão/missão da empresa.

Determinar o modal de transporte no planejamento logístico é muito importante para toda operação. Isso porque, os custos do transporte representam a maior parcela de todo o custo logístico da empresa. Desse modo, escolha de como os produtos devem ser transportados deve ser muito bem pensada, planejada e controlada, com o objetivo de garantir os melhores resultados.

🔹 Canais de distribuição

Os canais de distribuição são os meios utilizados por uma empresa para fazer com que o seu produto chegue nas mãos do seu cliente. O grande objetivo de um canal de distribuição é fazer com que as mercadorias estejam disponíveis para o consumidor no tempo, especificação, local e quantidade correta.

Por vezes será necessário a utilização de dois ou mais modais de transportes para fazer com que o produto chegue até o cliente. Dessa maneira, através do canal de distribuição é que a empresa sabe exatamente como alcançar o seu publico alvo.

🔹 Roteirização de cargas

A roteirização de cargas é uma metodologia utilizada para determinar o melhor trajeto no processo de coleta e entrega de produtos. O melhor trajeto é aquele em que estabelecemos ótimos níveis em relação ao custo, tempo, segurança, qualidade e produção. Termos como: roteirização de entregas, roteirização de veículos e roteirização de transporte também são utilizados como sinônimos.

Estabelecer a rota do ponto de partida até o destino do produto é um grande diferencial para ganhos operacionais e redução de custos. Isso porque, com uma roteirização bem definida e dimensionada é possível economizar o consumo de combustível, além de otimizar a distribuição de produtos.

🔹 Serviço ao cliente

De acordo com Ronald Ballou (2007), serviço ao cliente é um termo de grande alcance, incluindo elementos que vão desde a disponibilidade do produto/mercadoria até a manutenção pós-venda. Em outras palavras, o serviço ao cliente envolve todos os processos necessários para receber, processar, entregar, faturar e prestar todo apoio necessário para o cliente após a venda do produto/serviço. Garantir o êxito em cada um desses processos é o caminho para gerar confiança e satisfação nos clientes.

O transporte é uma das etapas mais críticas dentro do processo do serviço ao cliente. Vale lembrar que atrasos nas entregas é a principal reclamação dos clientes em relação ao serviço logístico prestado. Dessa maneira, a escolha do modal de transporte adequado está diretamente relacionada ao nível de satisfação do cliente.

Enfim, gostou do artigo e quer saber mais sobre o modal ferroviário? Deixe sua dúvida, comentário, sugestão ou crítica em nossos canais de comunicação!

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FONTE: Wikipédia, Governo Federal, Museu Ferroviário, Guia do TRC, Brasil Ferroviário, ANTF, Viagem em pauta.

Filipe Butta

Profissional e entusiasta da logística com mais de quatro anos de experiência em operações logísticas. Formado em engenharia e gestão de projetos.

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